19 de nov. de 2010

A noite


Os olhos estão secos, embaçados  e sonolentos
Insisto em mantê-los abertos por mais alguns minutos
O vento do ventilador sopra morno, mesmo após a chuva que castigou a cidade durante o dia
Penso em ligar o ar, mas o controle está longe das minhas mãos,  e a preguiça se sobrepõe ao calor
Um pernilongo teima em querer sugar um pouco do meu sangue, mas eu não estou disposta a permitir, e então cometo um homicídio. Lá se Foi o pernilongo.
Todas as luzes estão apagadas e me direciono somente  pela luz do visor do micro
O silêncio é total na madrugada
A noite dorme lá fora como um recém-nascido
Frente  a essa calmaria, meu corpo vai se adequando ao ambiente, e logo  a paz é completa
Meu pensamento vaga por um momento, e lembro de algumas conversas que tive com amigos durante o dia. Penso, admirada, na forma de pensar de alguns deles, na convicção em saber o que não quer em suas vidas. Fiquei encantada com isso, pois vivemos em um mundo de incertezas onde as pessoas nunca sabem o que querem ou o que não querem e com isso acabam vivendo uma mentira atrás da outra..
O corpo clama descanso mais uma vez, e eu penso em castigá-lo insistindo em ficar acordada
No entanto, resolvo atender ao apelo silencioso, pois o preço que terei que pagar amanhã pela teimosia não compensa o sacrifício. Por isso, docilmente vou desconectando cabos e mais cabos, e por fim, desativo o meu computador, e como sempre, fico com o olhar fixo no teclado esperando o último resquício de luz se apagar.
O breu é total, só ouço o barulho do ventilador, insistente e persistente, meu companheiro de todas as horas, de todos os momentos. Um amigo leal, dedicado e incansável, que só para se eu o forçar, tão grande é a ânsia de ventilar a minha alma que pega fogo.

Val Araújo

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