17 de jul. de 2012

Carpe diem

me ponho diante do espelho e encaro a quase estranha à minha frente
pela expressão dos olhos no espelho percebo que uma não reconhece a outra imagem à sua frente
levanto as mãos lentamente e suavemente faço os dedos deslizarem pelas linhas que surgiram sem que eu me desse conta sob meus olhos
contorno como que temendo que explodissem ao toque, o inchaço sob os olhos, como se a um simples toque meu, eles fossem desaparecer sem deixar vestígios
um brilho prateado me chama a atenção, e ergo os olhos para descobrir o que é
eis que surge, do meio da mata negra, um fio branco, e não prata como imaginava
penso em arrancar aquele ser estranho dalí, mas então percebo que ele não está sozinho, tem a companhia de muitos amigos
impotente momentaneamente, descanso os braços ao longo do corpo, e só aí percebo
que o tempo passou e nem vi
escondida em meu mundo fiquei, e sequer conheci a vida
os prazeres que ela oferece
a delícia de conhecer, explorar, deixar legados
deixei a vida passar quando deveria ter vivido
sentido
amado mais
beijado mais
gritado, se necessário
mas deveria ter.....deveria ser.......
mas de repente penso:
deveria? Porque deveria?
eu ainda tenho tempo
de viver
de acertar, errar
encontrar
beijar muito
gritar, se quiser
sentir e conhecer o mundo que me cerca
eu posso tudo que me dispuser a ser e fazer
ergo os olhos novamente, jogo o cabelo para o lado e me despeço dessa imagem
que não pretendo ver tão cedo e grito bem alto:
e viva a vida com suas decepções, tristezas, alegrias, mas viva a vida, e se precisar
recomeçar sei que farei mil vezes, pois a vida assim como eu, se renova a cada dia.

Esquecer

às vezes esqueço da vida lá fora
esqueço ou ignoro? sei lá, só sei que esqueço
esqueço até as orquídeas, meus amores de todo o sempre
tento não perceber que elas tentam de todas as formas me chamar a atenção com suas cores vibrantes e cheias de vida, mas me recuso nesses momentos a olhar para não esquecer
esqueço do sol que queima meu corpo, como a me chamar para a vida
esqueço do abraço aconchegando recebido em momentos de carência
da palavra de incentivo
do falar por falar
esqueço que para quem me ama
eu só preciso estar lá
sei que nem preciso falar, só estar
mas eu só quero esquecer
sei que amanhã vou lembrar
mas hoje, só quero esquecer





 Val Araújo

24 de jun. de 2012

A todas as Marias, Joanas, Paulas, Karlas etc

desamparo
para onde ir se todas as portas parecem fechadas?
os pedidos de ajuda não recebem respostas
olha ao redor e só vê indiferença de todos com sua dor
tenta sair sozinha daquela prisão, mas não tem forças, precisa de ajuda
o medo é companhia constante
uma porta bate em algum lugar
seu corpo todo estremece
sinal que aquele corpo cansado e castigado, é uma linha tênue chamada estresse
os passos na calçada lhe causam calafrios pois sabe quem vai entrar porta a dentro
tenta se preparar emocionalmente para mais alguns momentos de terror físico e mental
até quando? se pergunta
que saída tem, se todos a quem recorre finge não a ouvir
o Estado lhe diz palavras bonitas e fala em normas que a protegem
lindas no papel, mas inócuas
logo a mandam de volta para casa, e dizem garantir sua segurança por alguns dias,
mas alguns dias não lhe bastam
na verdade a apavoram ainda mais, porque sabe que o ódio do agressor virá em dobro
essa certeza, logo se concretiza, pois de repente se vê frente-a-frente com aquele ser doente
cujo ódio não tem fim
se pergunta de onde, porque  e quando ele surgiu, mas desiste em buscar respostas
aquele olhar onde só o ódio é uma certeza lhe mostra
que ela enfim, encontrou uma porta aberta para a liberdade e felicidade
é o momento de sua redenção
a paz então, toma conta do seu corpo, da sua alma, e enfim, sente um pouco de felicidade
nessa vida de castigos e sofrimentos
um sorriso leve e angelical lhe toma a face
enquanto sente o peito queimar com o impacto do aço explosivo sobre o seu corpo finalmente livre.




Val Araújo

23 de jun. de 2012

A noite

Noite bela
temperatura amena
cheia de paz
o silêncio é palpável
fecho os olhos para que o silêncio tome conta do meu corpo
e se concentre em minha mente
silenciando todas as vozes
até que só o silêncio resista.


Estalos

Sentada na poltrona macia
olho pelo vidro do ônibus e admiro a paisagem do cerrado lá fora
sinto vontade de me levantar e sair um pouco para aquecer o meu corpo junto às árvores frondosas lá de fora que mesmo na secura e calor terrível, se mantem firmes, com suas folhas verdes e brilhantes desafiando o poder do astro rei
o ar condicionado do carro está no máximo, e meu corpo mal agasalhado tremula suavemente, como reclamando a minha falta de cuidado com ele
esfrego as mãos umas nas outras tentando aquecê-las, mas o calor momentâneo logo se vai
olho ao meu redor, mas o ônibus vazio não me oferece saídas na busca pelo calor
me aquieto então, fecho os olhos e tento levar meu corpo para um lugar protegido e quente.
de repente ouço
ouço lá no fundo, bem baixinho, uma música soar como o ronronar de um homem apaixonado
imediatamente meus olhos umedecem
um calor involuntário sobe pelo meu corpo,
no entanto, apesar de feliz por sentir em mim o calor tão desejado
sinto também a dor
a toada triste daquela música, o som melodioso e saudosista do cantor, desperta em meu íntimo lembranças dolorosas de momentos mágicos que vivi,
a ferida mal curada reabre, e faz doer meu coração sofrido
aquele som inocente me faz frágil
me faz lembrar que o tempo passou rápido, silencioso e eu sequer percebi
me lembra o quão covarde fui
as palavras inconsequentes e duras que lancei no ar
das oportunidades e amores perdidos
da decisão apressada que quase destruiu a minha vida
ai moço! por favor troque essa música
e devolva meu equilíbrio
meu chão, meu mundo
antes que eu me perca, e nunca mais me encontre.



Val Araújo


17 de jun. de 2012

Silêncio


Depois do descontrole alfabético que assolavam os teus pensamentos
de repente tudo fica silencioso
a sensação é de que tudo e nada foi dito
onde antes as perguntas fluiam tão naturais como o ar que respiramos
hoje só resta o silêncio que, mesmo fazendo você sentir que até a sua alma se calou
de certa forma te aconchega como um abraço
como se quisesse ti lembrar sempre, de que esse momento é passageiro
e que ele só está buscando forças e novas formas, para voltar e começar
a ti lançar novamente no mirabolante mundo das indagações ininterruptas e irrespondíveis.

Val Araújo

10 de jun. de 2012

Espera

olhar perdido
peito apertado, sufocado por um choro reprimido e sem sentido
sensação de que algo essencial à sua existência se perdeu em algum momento
viver se torna uma eterna espera
espera por respostas que só ela pode dar a si mesma
tudo ou quase tudo é incerto
só a espera é uma certeza
o barulho do vento forte, soa em seus ouvidos como uma música despertando um turbilhão de emoções sem razão de ser
o tempo passa lentamente como que para aumentar ainda mais sua angústia
o segredo então, é esperar as respostas chegarem, para quem sabe, acalmar esse ser que chora.



Val Araújo




Lição de vida

Um milionário passando um dia com seu carro caro por uma cidade pequena, vê um velhinho sentado na beira do cais, usando chapéu de palha na cabeça, roupas velhinhas, mas limpas, chinelo de couro, cigarro de palha no canto da boca, cantando uma canção que só ele entendia.
Ele jogava a linha de pesca dentro do rio, cantava a música ininteligível e puxava a linha de volta, olhava o anzol e jogava novamente. Não vinha nada no anzol, nenhum peixe, mas ele continuava cantando sossegadamente e jogando sua linha dentro do rio.
o expectador milionário, continuava dentro do seu carro caro, ar condicionado ligado olhando para aquele velhinho. Aquela visão o irritava inexplicavemente. Ele se perguntava o porque daquela criatura demonstrar tanta felicidade, parecendo tão pobre, e mesmo assim mesmo estando há horas exposto a um sol terrível, continuava cantando e feliz mesmo sem pescar um mísero peixe.
Na sua superioriodade convicta, imaginava que pobre tinha que se manter pobre mesmo, porque era muito preguiçoso para buscar a riqueza.
Estressado ao extremo, sai do carro pisando duro com seu sapato de grife na terra lamacenta.
No trajeto até o velhinho, imaginava mil formas de mandá-lo procurar algo útil para fazer na vida e largasse a vadiagem.
À medida que caminhava sua itriração crescia, pois o sol escaldante o fazia suar em gotas.
Chegando perto do velhinho que sequer tinha se virado para olhá-lo pergunta sem sequer cumprimentá-lo:
- O senhor não tem o que fazer em casa?
Não se sente um inútil jogando essa linha há oras sem pescar nada?
Porque não vai trabalhar de verdade?
O senhor com certeza seria mais feliz.
O velhinho lentamente volta os olhos para aquela voz, e vê um homem vermelho de raiva, à beira de um ataque de nervos, suor escorrendo pelo rosto que parecia lhe irritar ainda mais. Tenta ver seus olhos, mas não consegue, posto que cobertos pelo caro óculos de sol. Percebe a roupa e sapatos caros, o rolex no punho. Vira para o lado e olha fixamente o carro caro daquele homem, e que ostenta toda a riqueza que possui, e responde simplesmente:
- Boa tarde senhor.
Estou aqui hoje, simplesmente pelo medo de me tornar como o senhor.

8 de jun. de 2012

Transformações

ombros curvados pelos ossos desgastados pelo tempo
os pés com os dedinhos encolhidos como a se protegerem
mãos enrugadas, mas ainda fortes, mas os dedos cheios de imperfeições denunciam o avanço da artrite
a voz suave e trêmula como a de uma criança indefesa, no entando cheia de sabedoria e suavidade
os olhos cobertos por uma camada fina de pele, brilham como os de uma criança
ela se levanta e dá para sentir o esforço que faz para se firmar e ir em frente
por um momento penso que vai desistir, mas que nada, ela se apoia na pequena bengala de madeira companheira inseparável, e segue pela casa como se ainda precisasse provar algo a si mesma
continuo a observá-la, e a vejo pegar um pano seco e começar a tirar o pó da mobília da casa
ela cantarola enquanto faz isso, a voz sai tremulando pela casa, numa cantiga antiga que tento reconhecer, mas não consigo
sem me conter, pergunto o porque de querer fazer aquele trabalho que parece tão penoso fazer face os efeitos da doença em seu corpo entrevado.
Ela se vira e me olhando nos olhos fixamente como para me impedir de desviá-los e responde simplesmente que se parar morre, e ela precisa viver
depois disso, se perde em pensamentos e fala da garota peralta que era, do trabalho pesado que fez durante toda a vida, de como era ágil, rija e forte, de como não tinha tempo para nada que não fosse trabalhar, trabalhar e trabalhar
de como nunca ou quase nunca lhe sobrou tempo para curtir os filhos, os netos, porque precisava sempre correr para garantir a subsistência
de repente ela suspira profundamente e diz que hoje seu corpo não obedece a sua mente, e que ao se olhar no espelho não vê a pele enrugada e esmaecida, olhos sem brilho e fragilidade, ela vê a jovem que foi um dia, a jovem que sentia poder mudar o mundo, e fazer tudo o que quisesse
porém ela aceita o hoje, onde o simples levantar da cama é um suplício e uma vitória que consegue
fala da felicidade que sente hoje em poder ficar com a família, cercada pelos filhos, netos, bisnetos, pela cachorra e dois gatinhos carinhosos que tem
aquela resposta simples, e a aceitação dela sobre sua atual situação me comove e me faz admirá-la ainda mais, pois percebi que ela enfim encontrou o equilíbrio que todo ser deve ter para ser feliz
não vi naqueles olhos nenhum resquício de revolta, raiva ou rancor
fiquei quieta longos momentos absorvendo aquela história e tentando descobrir de onde surgia a força e serenidade que nutria o corpo e a alma daquela biza de mais de 80 anos, totalmente  fragilizada pela degeneração normal do passar dos anos, mas tão evoluída espiritualmente.
ela então me olhou e disse: a fé nos faz forte e nos leva a superar nossos piores temores
só sabemos exatamente a força que temos quando a incapacidade física nos fragiliza a ponto de necessitar do outro. Nesse momento, percebemos que não somos ilhas, não somos independentes como pensamos. Somos simplesmente seres frágeis e amedrontados
o desconhecido nos apavora e o medo de morrer é mais apavorante ainda pela sua definitividade. Por isso, hoje deixei de ser ilha e sou o ninho que acolhe os que me rodeiam e comemora cada pequena vitória como se fosse a última.
Ouvindo tudo aquilo, eu só pude olhar naqueles olhos num mudo consentimento, e admirá-la, porque as palavras eram desnecessárias frente a tanta certeza, tanta fé.

 Val Araújo

7 de jun. de 2012

madrugada bela

ouço o ronronar do ar condicionado na madrugada
o ventinho frio como que tenta embalar o sono suave que me acomete
o silêncio da madrugada sempre me cativa, revigora o meu ser e me tonifica o corpo
sinto vontade de levantar só para sair lá fora e contemplar a rua silenciosa onde só o balançar das árvores pode ser sentido. É como se elas se exibissem aos meus olhos numa dança silenciosa e bela.
é na madrugada em que a magia acontece,
é o momento em que a cidade dorme e a energia boa te acaricia a pele com a suavidade da brisa fria.
é na madrugada onde todos se encontram profundamente adormecidos, que até a alma menos caridosa se torna indefesa e frágil.
Nesses momentos, todos se tornam anjos, vez que dormir é uma espécie de morte-vida, e é onde o mundo se torna mais leve, mais suave, mais belo.

Val Araújo

Falta

Penso em postar uma linda peça aqui no blog, mas logo em seguida desanimo
estou em um momento diferente, um pouco alheia ao glamour e ansiedade da delícia de comprar
estou na fase que me levou a criar esse blog em 2010
a fase da poesia
da explosão de sentimentos
da sensibilidade à flor da pele
do blues,
de Aretha Franklin, Enya, Richard Clayderman, Elton John e tantos outros
da quietude, de só querer ver o passar do tempo
da fase redoma, que se resume a 4 metros quadrados, uma cama amarfanhada, travesseiros jogados, computador ligado, música leve de fundo, meia luz e telefone silencioso
fase do sentir
de sentir as palavras se atropelarem no inconsciente consciente e saber que elas precisam ser expostas, ser grafadas de uma forma ou de outra, sob pena de se perderem de mim mesma
de não saber porque sente falta nem o que mais lhe faz falta.
da impressão de que tudo se resume a isso: falta. Falta de algo inominável, mas doloroso
os pensamentos insistem em questionar sobre do que sinto falta, mas recebe como resposta o silêncio, total e inexorável. É como se o mutismo do silêncio zombasse da incerteza e me desafiasse a buscar essa resposta por mim mesma.
no entanto, os pensamentos desgovernados não sabem mais aonde buscar resposta, vez que no fundo só se apercebe do emaranhado de pensamentos conflitantes.
São momentos de recolhimento e de reflexão total em que as perguntas martelam ininterruptamente no correr da noite e se prolongam madrugada a dentro
de tudo a certeza: a falta de algo, do quê, é o x da questão.
sinto falta de tudo do passado, mesmo tendo um presente tão bom
falta que dói do pai que partiu tão cedo e só deixou saudade das brincadeiras de pegar no colo e jogar para cima enquanto cantava uma música suave e sem sentido algum, da cócegas feita na barriga só para ouvir a rizada gostosa que dávamos, do pedido para espremer uma espinha nas costas mesmo não tendo nenhuma só para ser dengado, do olhar que transbordava amor por todos os lados
falta da mãe, viúva tão jovem e com tantas responsabilidades, mas tão dedicada aos filhos. Quão terno era ver aquela mãe cuidando e protegendo sua prole como uma leoa
que me faz ter como lema nunca me permitir esquecer o quanto a ela devo, e quão preciosa ela é.
Talvez, lá no fundo eu tenha certeza que sinto falta de mim mesma.


Val Araújo

6 de jun. de 2012

Saudade

Sinto saudade
de correr descalça na chuva sem medo de raios e trovões
de banhar no rio escondida da mãe, e só de calcinha
de pular da árvore enorme que insistiu em nascer dentro do rio, só para desafiar a coleguinha
de assoprar entre as mãos fechadas e depois colocar a mãe nos olhos para "diminuir a vermelhidão" de horas e horas banhando no rio dizendo: "chô, tique-taque;-tique-taque"
de mesmo com medo, descer a correnteza do rio segurando nas plantas da costa
de atravesssar parte do rio nadando, só para catar "azedinhas", frutas típicas que insistiam em crescer no meio das pedras ingremes da "praia do meio"
de remar uma canoa, e me achar importante, mesmo sendo só uma criança enfrentando a correnteza
do arrastar de chinelos apressado do meu pai ao ir ao banheiro
de jogar vôlei descalça no meio da rua
de enxugar a quadra da escola mil vezes para jogar mesmo que fosse meio minuto
de colocar o calcanhar no chão e rodar o corpo numa espécie de simpatia para fazer a chuva ir embora e deixar a quadra seca
da disputa ferrenha no jogo, por oras e oras, sem que sequer a palavra cansaço fosse lembrada
dos amigos maravilhosos que ficaram lá atrás e que morro de saudade de encontrá-los mesmo que por um minuto, para um longo abraço lhes dar
da caminhada no meio do mato para visitar a minha avó e comer aquele arroz molinho, acompanhado de ovos mexidos e fava, com um tempero que só ela sabia mensurar
de dormir na cama rústica que ela mesma havia feito, ouvindo a chuva bater no telhado de sapê e o assobio dos pássaros que via pela janela daquela casinha rústica, mas com cada coisinha em seu lugar
da banana seca que ela insistia em preparar para os netos
das brincadeiras de roda, ciranda e cirandinha,
do caiu no poço que insistiamos em brincar só para beijar o menino que gostávamos
Ah saudade! Às vezes tu és implacável e ferrenha em não nos permitir esquecer
Mas ao mesmo tempo tu és milagrosa, pois nos faz sensíveis quando estamos nos tornando duros frente à vida
Por isso, volte sempre que quiser para não me deixar nunca esquecer o quanto minha infância foi maravilhosamente bela, o quão amada eu fui e o quanto eu amei também.


Val Araújo

5 de jun. de 2012

O Mundo precisa de amor









                                      



Estive viajando esses dias, e como já venho fazendo há algum tempo, fiquei observando as pessoas na rua. Observei por horas aquele vai e vem frenético, assim como a forma como elas se comportam umas com as outras, seja dizendo um simples “oi”,seja ajudando a pegar algo que caiu no chão, seja dando espaço para que a outra mais apressada passe. Enfim-as em várias situações.

Confesso que meu coração ficou pequeno e triste com a conclusão que cheguei, pois salvo raras exceções ninguém! Absolutamente ninguém cumprimenta o outro ou ajuda, seja de qual forma for. As pessoas passam pelas outras como se não as vissem, como se fossem invisíveis.

Afinal, que mundo é esse que vivemos? É fato inconteste que a violência é nossa companheira diária, mas isso justifica o descaso total demonstrado pelo próximo? Ou será que isso é só uma desculpa para a forma como nos portamos, e tudo se resume a ter em detrimento do ser? Aonde foi parar a educação, a solidariedade, o companheirismo, quiçá o amor? A quem atribuir a culpa de termos chegado ao pouco de o outro não ter a mínima importância?

Não pensem que sou de outro mundo ou uma romântica. Não o sou. Tenho convivido em minha profissão com todas as espécies de dor e de violência. Convivi com homens e mulheres totalmente despidos de dignidade e amor ao próximo, totalmente corrompidos pelo sistema, mas nunca deixei que isso me roubasse a sensibilidade, o amor e o respeito pelo próximo, principalmente pelos que tem menos que eu. Por isso, é penoso, doído até, ver em que estamos nos transformando.

No que estamos diferindo dos irracionais? Penso até que somos piores, pois estes só matam quando sentem fome. Os chamados racionais, matam simples prazer de matar.

Não vim aqui convocar o surgimento de madres Tereza, apesar de que seria bom se tivessem algumas espalhadas pelos quatro cantos do mundo. Quem sabe Buda, um Chico Xavier ou um Papa João Paulo, talvez. Quem sabe se merecedores um Jesus Cristo? São tantos nomes a serem lembrados e copiados a meu ver. No entanto, procuramos copiar quem não deve serquer ser lembrada. Copiamos a ganância, o orgulho, a arrogância, a ignorância, a prepotência. Passamos por cima de tudo e de todos que ousa atravessar nosso caminho e o fazemos sem piedade, sem dor na consciência.

É triste, mas essa é a realidade hoje. O imediatismo e o individualismo são regras, aonde deveriam ser exceções.

Contrário a isso, os poucos que buscam a paz, o amor, sofrem por se verem sozinhos nessa busca. Gritam por amor e não são ouvidos, e se são educados e altruístas são taxados por bobos, panacas, e acabam então, para não se verem excluídos do rol dos "elitizados sem amor" a acreditar que precisam se tornar iguais a eles para fazerem parte desse grupo "seleto".

Enfim, voltei dessa viagem me perguntando até onde, até quando e o que será possível, ou melhor, se é possível mudar esse quadro tétrico e apavorante de desamor que assola o mundo, onde uma vida vale nada ou quase nada. Até quando será suportável presenciar e viver no meio de tanto desamor.

Portanto, resolvi escrever um pouco sobre meus temores de em um futuro próximo a sociedade voltar de vez ao estado primitivo e voltar ao regime da autotutela onde a lei do mais forte é que valia, e as famílias se destruíam. Penso que não estamos muito longe disto.

Por isso, esse texto e o pedido para que façamos uma reflexão sobre a forma que estamos conduzindo nossa vida e a forma como estamos cuidando de nossa alma, pois vai chegar certamente o momento de ajustarmos contas de nossos atos.

Vamos então, fazer algo pelo próximo. Custa pouco levanta e ajudar, mesmo que seja com um pequeno gesto de solidariedade com o próximo, com o menos favorecido. Isto é uma demonstração de grandeza e evolução espiritual, afinal de contas, na vida ter dinheiro, roupas de grife, carro do ano e boa casa não nos faz melhor do que quem vive em uma casa de papelão, tábua ou mesmo sem casa nenhuma e se veste com trapos e anda a pé, pois por baixo daqueles trapos, existe um ser humano como eu, você, nós. Assim, sejamos benevolentes e pacientes, pois a vida desses semelhantes já é difícil demais para que precisemos fazê-las mais difíceis ainda, e no fundo tudo o que todos nós precisamos é de pelo menos um pouco de amor.




                                   
 




Val Araújo

30 de mai. de 2012

Rendição


Cansaço que assola a alma
que a deixa impregnada
que lhe toma o corpo
um movimento, por menor que seja só lhe dá a certeza de que a rendição será inevitável
Seu cérebro pede clemência e insiste em mandar você parar
mas você recusa essa ordem, porque em sua altivez egoística, imagina que se parar, tudo para ao seu redor
ledo engano o seu
nada para,
as flores continuam a cair
o sol a nascer esplendoroso e belo
a noite surgirá todo fim de dia para acobertar e aconchegar os amantes
crianças nascerão
entes queridos partirão
amigos seguirão suas vidas, deixando para trás um rastro de lembranças que lhe fará derramar mil lágrimas nas noites solitárias em que as lembranças insistem em aflorar, trazendo à tona a criança que você foi um dia
tudo enfim, continuará a seguir ininterrupta e implacavelmente, pois o homem por mais inteligente que seja não conseguiu deter o tempo, rápido e impiedoso
por isso, aquiete seu corpo e se entregue ao silêncio, ao esquecimento do sono. Não tenha medo de se por nas mãos do sono gratificante e revigorante. Se renda ao esgotamento maravilhoso e total que só os que se rendem sentem
esqueça por um segundo, minuto, hora que seja, as mazelas e as maldades do mundoe seja uma Alice. Pelo menos por uma noite, se permita ser Alice e amanhã acorde no País das Maravilhas, renovada e esplendorosa como um raio de sol, sorrindo para um novo dia, um novo amanhã e quem sabe um novo recomeço.

Val Araújo




Obaaaaa! selinho! Veio lá do Bazar Dona Flor. Obrigada linda. Bjo

25 de mai. de 2012

OBRIGADA

                                 Criar este cantinho tem me feito viver momentos ímpares. Interagir com pessoas de todos os cantos e recantos, cada uma com sua peculiaridade tem sido lindo. É certo que umas são menos receptivas a uma conversa, outras querem realmente criar um vínculo além da impessoalidade gerada pelo mundo virtual, mas cada uma única em sua forma de ser.
                                 Eu agradeço a todas, mesmo as mais reticentes a uma nova amizade, pois cada um tem sua forma própria de ser e agir, e devemos dar um viva às diferenças, pois elas é que fazem esse mundo ser tão maravilhoso.
                                Quero deixar o meu beijo à Cleni do Bazar Grandes Mulheres, pela mulher porreta que é, a Teka que é um doce de pessoa, lá do Taratata, a Palomanes do Terra Brasilis, a Gio do Comprei demais, a Fabi do Brechozenho que numa demonstração enorme de confiança mesmo sem me conhecer, na primeira compra enviou as pecinhas sem sequer me conhecer melhor. Fiquei tocada com a sensibilidade da lindinha e hoje virei cliente.
                                Quero agradecer mais ainda, a 3ª florzinha que comprou no brechó da Val. Tive o prazer de iniciar um contato com a Mônica do Bazar meu estilo, que me emocionou ao elogiar minhas poesias. Escrever é uma paixão antiga que eu insisto em prender dentro de mim. No entanto, de uns tempos para cá as palavras tem saído de forma atabalhoada e desgovernada num amontoado sem ordem e sem fim que espero logo dispor de um tempo para organizá-las.
                                Enfim, quero hoje agradecer a Deus por me dá disposição para cuidar desse cantinho, mesmo depois de um dia terrível e corrido, ao carinho de todas vocês e agradecer ainda a Deus por me mostrar que ainda existem pessoas maravilhosas nesse mundo me levando a ter certeza que nem tudo está perdido. Deixo meu beijo de carinho a todas vocês, mas vai um especial para a Mônica, minha cliente de hoje e espero sempre.
Fica aqui este botão de rosa simbolizando o início de uma amizade linda e duradoura que eu desejp ter com todas vocês. Beijo grande. Val Araújo.

18 de mai. de 2012

Rara e linda


Uma orquídea negra. Linda e rara como todas nós mulheres maravilhosas e indecifráveis até para nós mesmas. Um bom final de semana a todas nós.

24 de fev. de 2011

CRISTAL MAIS FRÁGIL

O cristal mais frágil
“Vai meu cristal mais frágil!!!”
Até que a dor amenize acalmando os coraçõezinhos que neste momento estão em frangalhos, será doloroso olhar qualquer canto daquela casa pequena, mas enorme quando precisava acomodar todos os cristaizinhos frutos do cristal mais frágil que se foi. Mas será mais doloroso olhar aquele lugarzinho na porta da casa que parece ter absorvido a essência do cristal mais frágil.
Será impossível não imaginar aquele corpo frágil sentado sob aquela árvore, com as perninhas esticadas descansando sobre o banco à sua frente. Se fechar os olhos, facilmente vem à mente ELA, “o cristal mais frágil” em seu vestidinho leve e florido ali sentada, rodeada por cristaizinhos que eram sua família, seu orgulho, seu bem maior.
Aquele cristal puro, que parecia poder suportar todas as provas, todas as dores, todos os obstáculos, descansou.
Sempre vou esperar, lá no fundo, ver o cristal mais frágil, debaixo daquela árvore.
Até a eternidade, entrar na casa número 236 no pé da ladeira da rua chamada estrela, onde a dona da casa também era uma estrela, será sempre um momento de dor e pesar, porque aquela que a todos aconchegava, a todos acolhia, não vai mais estar lá.
Ela subiu para o andar de cima. Sim, o cristal está lá em cima, rodeado de flores, ouvindo a música trazida pelo vento, e correndo pelo campo,sem nenhuma dor, corpo e alma perfeitos, sãos. Enfim, tem a liberdade e o controle sobre seu corpo e seus movimentos.
Ninguém queria aqui nesse andar, ser privado da companhia do cristal mais frágil, e tentou-se de todas as formas prendê-lo entre os dedos, mas o cristal era como um fio de areia que não se podia prender nas mãos, porque ele escorria por entre os dedos.
No entanto, era o momento do cristal virar uma estrela, assim como o nome da rua que sempre o colheu.
E hoje, se olharmos atentamente para o céu à noite, vamos poder ver uma estrela novinha. Ela é a mais bela, a mais lapidada, a que tem maior brilho.  A estrela já foi batizada, e recebeu um nome singelo, mas forte assim como deve ser o nome de todas as pedras valiosas, ela recebeu um nome que significa a mais poderosa, a que protege a todos. Ela se chama Raimunda que foi chamada em um momento de dor na despedida por “cristal mais frágil”
Fica em paz cristal mais frágil, esse é seu momento de brilhar.

29 de dez. de 2010

A beleza da Solidão

algumas pessoas gostam de ficar sozinhas consigo mesmas.
Gostam de não ter que entabular uma conversa sem sentido se não quiser
Algumas pessoas se sentem desesperadas com o silêncio.
Eu acho o silêncio algo maravilhoso
Ele é calmante, é como estar nos braços de uma mãe ouvindo uma cantiga de ninar
O silêncio me acalma, me envolve e renova as minhas forças para enfrentar as batalhas de todo dia
O silêncio é cúmplice da minha felicidade, da minha tristeza, das minhas neuras
O silêncio é cúmplice do meu choro silencioso na nostalgia de algumas noites e até mesmo dias, mas é o consolo que me aquieta em seu silencioso abraço
O silêncio é o remédio que eu preciso para manter os pés fincados no chão
O silêncio é o melhor companheiro para a mente atormentada, confusa, desorientada, pois ele lhe leva a respostas, a caminhos antes não vislumbrados
O silêncio é meu tudo, meu norte, meu ninho



Val Araújo

19 de dez. de 2010

O ratinho e a certidão

Outro dia no serviço, uma servidora me chamou e disse que tinha algum inseto que estava comendo papel.
Os processos estavam com as capas roídas, e algumas peças importantes precisaram ser substituídas.
Ficamos pensando que bicho poderia ser, pois o armário é de aço e fica trancado. Procuramos ver se tinha algum buraco no armário, mas não vimos nada.
Pensei comigo: Mistério!!!!
Ainda bem, que não trabalhamos com processos criminais, porque senão eu já ia pensar que alguma alma penada estava querendo se vingar dos réus ou vítimas nos processos.
Bem, depois de alguns dias, o visitando noturno continuava seu trabalho de comer papel. Na verdade, ele não comia, só roía e deixava tudo na maior bagunça.
Certo dia, escutei  mulher gritando, subindo em cima de cadeira, eu mesma fui uma, com medo de um ratinho que tinha no máxima 10 centímetros. Ele correu de dentro do armário, e desesperado disparou pela sala, sem saber para aonde correr do grito daquele monte de mulher louca.
Por fim, não achando outro lugar ele ficou escondido entre uma janela e a parede, bem no alto onde ninguém podia alcançá-lo.
Ele não sabia, é claro, que comigo ele não precisava se preocupar, porque só de pensar em chegar perto dele eu já me arrepiava de nojo. Por isso, ele podia ficar eternamente naquele lugar que eu não o incomodaria.
Depois dessa confusão, descobrinos que o ratinho passava por um buraquinho de nada que tinha no armário. Não sei como ele entrava de tão pequeno que o buraco era. Mas ele entrava. Devia ser algum contorcionista circense. Pensamos até em mandá-lo ao Circo de Soleil, porque ele se daria bem por lá.
No final, como descobri a causa dos processos destruídos, tive que fazer uma certidão para o meu chefe da ocorrência. kkkkk.
Foi hilário!!! Algum engraçadinho, com certeza vai copiar minha certidão e mandar para algum lugar onde ela vai ficar entre as glórias do judiciário, ou melhor, as palhaçadas do judiciário.
Devo confessar que eu também dei boas risadas depois que assinei a certidão.
Mas enfim, são ossos do ofício. Alguém tinha que dizer o porquê dos processos estarem destruídos daquela forma, e cabia a mim...."a chefinha" como o pessoa me chama passar por esse vexame...kkkk.

A fortaleza sensível

Cabeça a mil.
Coração que não diz nada.
Pensamentos incoerentes,
olhos cansados,
Mente numa confusão sem fim
Ansiedade na busca de soluções rápidas
Pensamento constante sobre até quando, e os porquês.
Chega-se à conclusão de que às vezes perde-se realmente o rumo de tudo na vida, e é muito duro retornar. É preciso muita força, muita determinação para não sucumbir.
Mas eu constatei que sempre retorno, e percebi que isso ocorre porque eu sou maior do que todos os problemas juntos, eu sou mais firme do que uma rocha, porque eu tenho crido mais do que parece, e não sucumbirei frente às dificuldades que me são impostas, porque meu Deus é maior que tudo e afastará a tempestade do meio do caminho.
Muitos espinhos eu já consegui afastar ao longo da minha caminhada , e agora poucos restaram, e eu me mantenho em pé.
É certo que cambaleio em alguns momentos, mas sempre estou firme em minhas convicções, e na minha verdade, e sei que assim como em outros momentos, estarei daqui a algum tempo, sorrindo das batalhas sem fim que enfrento desde muito tempo.
Assim, se essas batalhas forem um teste em minha vida, que venham outros testes que eu estarei aqui, da mesma forma, firme como uma rocha, vestida de sensibilidade, fé e amor no coração, pois eu sou como uma árvore que verga até o chão não porque morreu, mas sim porque busca forças para se erguer mais linda, mais determinada e cada vez mais forte.

15 de dez. de 2010

Natal

O Natal está chegando...
Os sonhos se renovam
A esperança em nosso peito é de que seja lavado e levado tudo de ruim que passamos no ano que está indo embora.
No fundo, temos a convicção de que o ano que virá não poderá ser pior do que o que passou, pois temos que ter uma trégua de tanta coisa ruim que aconteceu, até mesmo para termos força, estrutura para suportar as batalhas que virão.
Quando o ano está findando nossas energias vão se esvaindo, o cansaço toma o nosso corpo depois de tanto desgaste mental, e parece que não temos mais energia para lutar por nada. Há somente uma esperança, uma certeza de que tudo vai passar e que amanhã o sol brilhará e as nuvens irão embora.
Nesse natal, como em todos os outros, vou voltar a ser uma criança, e esperar pela minha boneca de R$ 1,00 que eu passava a noite esperando o papai noel trazer, e depois de alguns anos ela parou de ser deixada debaixo de minha cama. Mas eu sempre a esperava acordada até o sono me roubar. Eu sabia o quanto era difícil o papai noel chegar até minha cama com tantas casas que tinha para visitar. Mas mesmo quando eu não a encontrei mais debaixo da cama, no meu coração eu tinha certeza de que ele se lembranva de mim, só não podia vir.
No entanto, eu vou continuar esperando por ele sempre, numa  tentativa de não me deixar esquecer que ainda há uma criança que sonha dentro de mim.

13 de dez. de 2010

Passar dos anos

Um dia uma mulher foi se consultar, e na conversa com a médica reclamou de dores aqui, dores acolá. Disse que devia estar com uma doença muito grave porque sentia dores em quase todas as partes do corpo.
A médica impassível, só olhava para a paciente e percebia seu medo da nova fase que chegava e das consequências dela. No entanto, a médica continuou a examinar calmamente a paciente.
Findo o exame, a médica disse:
"A senhora está ótima, nenhum problema mais sério".
A mulher, inconformada porque não havia sido diagnosticado nenhum problema sério disse:
"Mas como pode? Eu sinto tantas dores!".
A médica com o sorriso mais indulgente virou para a paciente e disse:
"Maria, você tem que entender que já não é mais uma criança, e que à medida que vamos envelhecendo nosso corpo vai mudando. Não temos mais os órgãos sãos com os quais nascemos. Fomos ao longo dos anos sendo contaminados por produtos químicos, agrotóxicos e por tudo que consumimos.
Você não acha que como consequência de tudo isso é normal sentir alguma dor?"
A paciente, que nunca tinha visto sua vida por esse ângulo, ficou sem argumentos, mas viu que  a médica tinha toda razão, e foi embora satisfeita com o exame.
Moral da história:
De tudo o que foi visto, podemos observar que devemos nos preparar e encarar o passar dos tempos com tranquilidade e sabedoria, e podemos fazer isso olhando para nossas cicatrizes como sinal de experiências de vida onde evoluimos como ser humano, devendo assim, serem motivo de orgulho e não de vergonha.
Nossas rugas, cabelos brancos e dores pelo corpo, apesar de serem a prova cabal de que os anos passaram  e que estamos envelhecendo, devem ser aceitos como algo natural na vida do ser humano. Afinal, todos nascemos, crescemos e morremos. É algo tão normal como respirar.
O tempo, apesar da evolução do homem ao longo dos tempos, bem como o avanço meteórico da ciência, é algo que não se conseguiu domar, fazer parar, estagnar, o que é uma demonstração da força que tem, do quão ele é implacável, e incansável. No entanto, o tempo está fazendo o papel para o qual foi criado.
Por isso, em vez de chorar com suas marcas, sorria e veja a beleza que elas têem.
em vez de se deseperar, ache consolo nas coisas boas que você fez ao longo de sua vida.
em vez de se isolar para o mundo, junte-se à multidão e festeje a beleza e grandeza de suas conquistas.
Pense que se voce se sentir bela, as pessoas ao seu redor verão esse brilho em você, e se a luz atrai as mariposas e demais insetos é porque ela tem um atrativo, uma chama que todos querem ter por perto.
Assim, se sinta grandiosa e graciosa, cheia de luz e felicidade, e com certeza você será sempre a borboleta de seu jardim.

12 de dez. de 2010

A chama se apagou e só ficou a dor

Desespero momentâneo
Desolação
Sensação de perda
Pensamento constante, fixo.
Questionamentos de como viverá sem
Necessidade de ouvir o som da voz. Depois de algum tempo
Sente-se falta, saudade
Lembrança vaga e enfim, raros são os dias que seu pensamento se volta paa a pessoa, quase se esquece do ser que partiu, apesar de ter sido amado.
Esses são os sentimentos que assolam o ser humano quando precisam conviver com a perda de algum ente querido, seja para a morte ou para a vida.
No final, só resta a lembrança vaga e esporádica da pessoa que se foi. As vezes é como se a pessoa sequer tivesse passado por sua vida. No entanto, essa é a forma que nosso corpo reage para se proteger da dor da perda.

CDO

Eu estudava no Dom Orione na parte da manhã, e claro que sempre tinha que levar uns cascudos para acordar e ir para a escola (minha mãe dava uns "coques" doídos na cabeça que ai ai ai). Devia ser uma tortura para ela fazer aquilo todos os dias (sei não!!!) rs.
Eu confesso que era uma peste travestida de gente.
A minha salvação é que eu sempre gostei de estudar, da leitura, do conhecimento. Na verdade, eu sou uma curiosa de nascença. Quero saber tudo, e ao mesmo tempo. É uma coisa!
Bem, eu ia pra escola, e lá era meu reduto
Sempre rodeada de amigos, e apaixonada pelo esporte
Meu sonho era entrar no time de vôlei, além de conseguir dar um drible na D. Tereza da Skylib ( o local mais frequentado pelos jovens da cidade), mas isso é papo para outro momento.
Bem, a aula terminava lá pelas 11:30 h. Porém, eu e minha turminha de moleques e molecas, claro, não íamos para casa.
A gente tinha um esquema. Quando estava chegando a hora de do sinal tocar, um a um, íamos saindo alegando dor de barriga ou alguma coisa terrível. A professora, coitada, acreditava, pois naquele tempo não se imagina que podia haver menor infrator dentro da sala de aula.
Pois bem, cada um que saia ia para a área de recreio e se escondia debaixo das mesas de ping-pong.
As porteiras, cansadas que estavam de lidar com tanto adolescente terrível, se nos via, fingia que não via. E nós ficávamos jogando ping-pong até 1 da tarde
Era maravilhoso. Vale dizer que onde eu estava só jogava quem sabia porque eu detestava "pato"(nome dado a quem não sabia jogar direito). É claro que tínhamos que comprar bola de ping-pong todos os dias, porque eu sempre quebrava as bolas. Devo dizer, que eu era boa naquilo.
Nessa  brincadeira, ficávamos até a turma da tarde chegar. Quando isso acontecia, já sabíamos que a malvada ia chegar. D. Miriam ( que Deus a tenha) nos descobria no meio dos outros alunos e nos botava para fora da escola. Saíamos correndo mesmo esbaforidos. Ia todo mundo molhado de suor, e morto de fome para casa. Eu, já sabia que mamãe ia passar uma meia hora me falando o quanto eu era uma moleca sem rumo. kkkkkk.
Pensa que acabou? Nada disso. Eu descansava até 3 da tarde, e vestia meu eterno shortinho preto (mini), e a blusa do colégio, e ia pro colégio. Eu sabia que era hora do treino de volei das meninas. Nessa época, eu era um pouco cheinha...rsrs, apesar de não saber porque se eu não parava quieta.
Bem, de tanto eu ficar observando o jogo, um dia o professor Zé Borges, o treinador, acho que entediado com as meninas tão quietinhas, virou para mim e perguntou se eu podia completar o time.
Eu fiquei louca, mas disfarcei, e claro já entrei na quadra.
Entrei descalça (kkkk) na posição 6. Nunca mais saí......Foi uma parceria de quase 15 anos, pois depois que terminei a escola continuamos juntos pelo time da cidade.
Como era bom!!!! Meu Deus!!! Viajamos pelo Maranhão, Tocantins, e dificilmente perdíamos um jogo. É claro, que eu não era a melhor, até mesmo pela minha estatura, mas eu me sobressaia em todas as posições, e ajudava muito o time. Além do mais, eu era extremamente competitiva e agressiva e isso era um ponto muito positivo, pois as meninas do outro time ficavam um pouco amedrontadas com os gritos e provocações.
Mas enfim, foi uma fase maravilhosa. Aliás, minha infância e adolescência, salvo raras exceções foi maravilhosa. Brinquei como um moleque, jogando na rua descalça, fosse futebol, volei ou queimada, que eu fazia questão de deixar as meninas queimadas (roxinhas) por dias...kkk.
Me perdoem meninas, pela maldade...mas que era bom era.
Hoje, quando volto ao Dom Orione fico muito triste, com as mudanças, para pior, aplicadas pelo MEC. Não há mais educação física. Bem, até há, mas no horário de aula ( ninguém merece ficar todo suado, e voltar para a sala de aula depois de fazer educação física. Só mesmo um idiota de carteirinha teria uma idéia de gerico dessa, mas no MEC é só o que tem, por isso viva a idiotice).
Assim, por ter tido uma vida tão feliz na minha fase de formação, tenho conseguido me manter sã até hoje, mesmo tendo que enfrentar leões todos os dias para sobreviver. Por isso, sou favorável a que uma criança cresça brincando e integrada à sociedade, seja através do esporte, seja através da música ou similares, desde que lícitos, só assim teremos crianças mais felizes, amorosas, que gostem de estar em família e sejam mais humanas.

10 de dez. de 2010

Conflitos

A Ansiedade te sufoca
Você quer chegar, mas não sabe aonde
Encontrar e não sabe o que ou a quem
Conhecer, mas conhecer quem, o quê?
Sentir. Alegria? Tristeza?  Nem isso você sabe
Teu corpo grita por algo. É um grito agudo que te arrepia toda.
Você olha ao seu redor ansiosamente e procura algo , mas por não saber o que procura foca somente o vazio, o nada, silencioso e sufocante. Nada faz muito sentido, e tudo é um eterno conflito.
Você quer algo que nem você mesma sabe o que é, o que torna a sua busca quase impossível de alcançar.
E então, nessa busca pelo desconhecido, os anseios se juntam aos medos e a confusão se avoluma  numa espiral constante.
No final, só restam incertezas, e a eterna busca . Pelo quê? Você também gostaria de saber.
No fundo fica o medo. Medo de que essa busca possa ser eterna.

Val Araújo

23:15 h

Livre arbitrio

Você  conhece alguém, se enamora e começam a namorar
No começo tudo é maravilhoso, você dorme e acorda pensando nele, e sempre está com um sorriso nos lábios. Nesses momentos você ainda é você, tem uma vida, e é dona dela
No começo você não tem que dar satisfações, fazer reparações, dar explicações detalhadas, coisas assim.
Você usa sua saia mais curta, e se der a louca nem usa calcinha por baixo que ele em vez de ficar zangado achará aquilo o máximo.
Você sai com seus amigos que são inúmeros. Senta em um barzinho sem culpa. Chega tarde em casa e nada de telefones onde a crítica, a cobrança e brigas, não necessariamente nessa ordem, são eternas.
Você é livre para dizer o que pensa dele. É livre até para chamá-lo de idiota, se quiser, que ele não revida. Ele é só gentilezas, não tem defeitos aparentes.
No entanto, o tempo passa, e sem perceber o príncipe vira sapo. O produto tem um vício oculto, e você percebe quase tarde demais.
De repenten, não sabendo voce como isso aconteceu, você já não tem um amigo sequer. Pega o telefone incrédula e percebe que já não tem nem o número daquela amiga que você via todos os dias e que passava horas ao telefone. 
Você começa a percebe que quando sai com ele, seus amigos (que já são ex-amigos) lhe dão um sorriso  sem graça e logo viram o rosto como se temessem uma reação desagradável por parte dele.
Esses fatos te fazem perceber que você deixou sua vida para trás; que você deixou de ser você para ser o que o outro quer; que você vive uma mentira; que é um ser sem identidade; que você é omissa, acomodada, acovardada. Essas constatações te deixam boquiabertas porque você não percebeu quando e como isso ocorreu.
Você se tornou dependente ao ponto de pensar que não poderia andar sozinha, e isso é inadmissível.  
Não é porque se está com alguém que se deve deixar de viver, de sentir, de brincar, de ter amigos, e de conhecer coisas novas.
Você não deve se isolar do mundo,  porque não podemos e nem viemos ao mundo para viver em uma redoma de vidro, porque uma hora esse vidro pode trincar. E quando ele trinca as imperfeições aparecem tenha certeza , e quando isso ocorre, por mais que você tente colar os pedaços você chegará à conclusão que isso já não é mais possível, e  que você só tem duas saídas:
Sair da redoma de vidro trincada e viver, decidir sobre o que lhe compete, e retomar sua vida, ou você pode construir redoma idêntica e se fechar dentro dela.
No entanto, não creio que depois de você sentir o vento tocar seu rosto, de você sentir a vida brotar de dentro de você, o calor do sol na sua pele, o calor da amizade das pessoas ao seu redor, você se contente em voltar para a redoma solitária e fria.
Você precisa sim, aprender a lidar com a tristeza, com a alegria, com a certeza e a incerteza, com a traição e com a lealdade, com o amor, com o desamor. Enfim, você precisa aprender que você nasceu para sentir, para viver sensações diferentes a cada dia numa evolução natural, e que se assim não for, você não merece realmente o sacrifício de ter nascido, devendo então, voltar para o casulo e se esconder do mundo até que a vela se apague.
Val Araújo

21:00 h